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Dia dos Namorados: Psiquiatra fala sobre o amor que anula, persegue e pode até matar

“O ‘estar namorando’ cria nas pessoas um mecanismo interno de prazer, de melhora da autoestima, de se sentir pertencendo a alguém, protegido, amado, o que todos nós precisamos ter. Com isso, nosso corpo reage com a explosão daqueles hormônios positivos”, descreve o médico psiquiatra Humberto Fornari, membro da Associação Brusquense de Medicina – ABM.

Porém, ele ressalta a importância de atentar aos sinais de quando o “pertencer a alguém”, se torna posse e ao buscar a liberdade, o outro parte para a vingança e desconta em filhos ou outros familiares, como vimos recentemente em Itajaí e em outros casos divulgados pela mídia. “Muitas vezes não se percebe as atitudes abusivas do outro, a ponto de culminar com a morte quando, nesse ponto, já é caso de polícia”.

Segundo o médico, a grande maioria dos relacionamentos perigosos, são aqueles abusivos, onde um toma conta e perfaz toda a vida do outro. Isso acaba anulando o ser humano, e é mais perigoso do que pensar somente na agressão física, que as vezes resulta em mortes. Para ter uma ideia, conforme dados do Colegiado Superior de Segurança Pública e Perícia Oficial de Santa Catarina (CSSPPO/SC) disponíveis no Observatório da Violência Contra a Mulher, da Alesc, de janeiro a maio deste ano já foram registrados 27 feminicídios no Estado, contra 55 em todo ano passado.

“Sabemos que crimes passionais existem, mas o que mais se vê na clínica médica são os relacionamentos abusivos. Por ser mais frequente, me preocupa mais, porque não existe uma lei pra isso ou um diagnóstico, a não ser quando a pessoa realmente cai numa doença psiquiátrica e chega aos nossos consultórios, tanto na parte psicológica, quando na parte do psiquiatra”, explica.

Ainda conforme Fornari, “precisamos sempre estar atentos e, por favor, não deixe o outro assumir sua vida. Ele é apenas seu namorado, sua namorada, seu esposo, sua esposa. Você é você”, frisa o médico.

ALERTA PARA DEPRESSÃO
O alerta chega quando o “estar sozinho”, o “estar solteiro”, vem acompanhado de sintomas de depressão, que só se agravam e vem acompanhado de ansiedade, medo e isolamento.

“Quando a situação se agrava precisa ter uma avaliação de um profissional da área da saúde mental para que a gente consiga dar um melhor encaminhamento nesse sentido”, declara.

ESTAR SOZINHO FAZ BEM
O psiquiatra Humberto Fornari destaca ainda as vantagens de estar solteiro, para o crescimento e aprendizado individual. Segundo ele, estar sozinho ou estar namorando, não impede que você possa ter o seu momento único de prazer solitário.

“Quando estamos sós, podemos refletir, pensar e reorganizar coisas da vida que, quando estamos ocupados com os outros, com tarefas do dia a dia, não conseguimos parar para pensar, mudar e melhorar. Eu gosto de dizer que são estes os momentos que melhor define quem somos”, frisa o psiquiatra.

“(…) a relação só vai dar certo se você souber se doar”.

Written by Nilton Bleichvel

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