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LER E DORT – Médicos alertam sobre como prevenir essas lesões e garabtir direitos trabalhistas

Ambientes de trabalho inadequados e muitas horas exercendo a mesma atividade são alguns dos fatores que ocasionam as conhecidas LERs – Lesões por Esforços Repetitivos e DORTs – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Segundo o Ministério Público do Trabalho, houve um aumento de denúncias para estes problemas, principalmente durante este período de pandemia. Den¬¬¬tre as causas relatadas estão, desrespeito à jornada de trabalho (aumento de horas trabalhadas); ausência de pausas; atuação em um ambiente sem ergonomia (o fato de ficar sentado por muito tempo gera sobrecarga e a postura incorreta pode causar mais impacto que o esforço repetitivo); redução da atividade física; espaço inadequado de trabalho para exercer suas funções diárias; estresse por ter que dividir seu trabalho com a rotina da casa; entre outras.

De acordo com o médico ortopedista e membro da Associação Brusquense de Medicina – ABM, George Maduell de Mattos, as LERs e DORTs não significam a mesma coisa. As Lesões por Esforço Repetitivo podem ser causadas por uma série de atividades que tenham um esforço cíclico. Sendo assim, podem existir lesões por esforço repetitivo associadas a outras atividades, como nos esportes e não necessariamente no trabalho. As DORTs, ou seja, as doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho, são todos os tipos de doenças ligadas com algum tipo de trabalho específico, por exemplo: trabalhar numa postura errada, com algum tipo de equipamento vibratório ou ficar parado em pé por muito tempo, podem causar lesões.

Segundo o especialista, muitos fatores podem estar relacionados ao aparecimento destas lesões, mas durante este período específico da pandemia, a falta de atividades físicas merece destaque.

“Muitas pessoas ficaram em casa sem praticar atividades físicas e também fora de sua rotina habitual de alimentação. Ficou mais difícil cultivar os hábitos de vida saudável. Praças públicas, locais de laser e academias foram interditadas, piorando ainda mais a situação. Talvez essa falta de atividades físicas tenha sido um fator complicador para que as pessoas tenham mais dores, musculares e articulares (…) além disso, ‘questões posturais’, por desequilíbrio das cadeias musculares se intensificaram”, frisou.

Como as LERs e as DORTs são muito amplas, e representam várias enfermidades, é preciso buscar um médico para fazer o diagnóstico e indicar o melhor tratamento. Há tratamento para a grande maioria. É fundamental retirar ou amenizar o fator causal, pois se insistirmos na causa que provoca a lesão, a doença voltará e será muito mais difícil de ser tratada. Essa é a grande questão: A causa! A pessoa tem que mudar alguns hábitos de vida, muitas vezes sua posição de trabalho e seu condicionamento físico.

“A prevenção é muito importante e deve-se tomar alguns cuidados com relação aos equipamentos de trabalho e ambiente laboral para serem os mais adequados possível. (…). O sedentarismo é um fator predisponente, (…), pois se a pessoa não tem musculatura tonificada (forte), não tem a sustentação do próprio corpo e isto vai sobrecarregando o sistema muscular, os ligamentos e até mesmo a própria articulação, gerando uma série de problemas”, explica o ortopedista.

Ainda de acordo com o médico, “é importante seguir algumas regras de segurança do trabalho, por exemplo, usar equipamentos de segurança, calçados adequados e EPIs que protegem fazer aquele trabalho. Assim como atentar para ergonomia que é o posicionamento para executar-se uma atividade laborativa, o mobiliário e as ferramentas que são utilizadas para que sejam mais adequadas para o seu tipo físico”.

DIREITOS DOS TRABALHADORES
Segundo a Médica do Trabalho, Tatiana Jacobina, também membro da Associação Brusquense de Medicina, com exceção das grandes empresas, a maioria não possui um Médico do Trabalho dentro do ambiente laboral. Devido a isso, a maioria dos trabalhadores procura o Pronto Socorro para alívio imediato dos sintomas e depois procuram a causa dos mesmos em uma Unidade Básica de Saúde. Normalmente, o médico da UBS, após uma boa avaliação, onde investiga, além da história da queixa atual, comportamento e hábitos relevantes, antecedentes pessoais e familiares e análise ocupacional, realiza exame físico geral e específico. Caso haja necessidade, solicita exames complementares ou avaliação especializada.

“Caso seja comprovada a LER/Dort, além da tratamento específico, o caso deve ser notificado ao Sistema de Informação (SINAM) e à Previdência Social (emissão de CAT) como LER/Dort. O funcionário deve comunicar à empresa que está realizando esta investigação e a empresa pode solicitar uma avaliação do seu Médico de Trabalho para este verificar se há ou não nexo causal, e, com isso, tomar as medidas cabíveis para cada caso”, explica a médica do trabalho.

Quando é comprovada a doença e feita emissão da CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho, e o colaborador tem direito de receber auxílio doença acidentário, ou seja, o benefício que após retorno do afastamento possui direito à estabilidade no emprego pelo prazo de um ano, diferente do auxílio doença comum e estão garantidos os depósitos do fundo de garantia (FGTS) efetuados durante o período no qual o empregado estiver afastado de seu trabalho; mudança de função e auxílio acidentário caso hajam sequelas que impeçam o retorno ao trabalho na função anterior; aposentadoria por invalidez ou acidentária caso o trabalhador não possa voltar a exercer atividade profissional; e é garantida a reintegração à empresa.

De acordo com a especialista, é fundamental que os responsáveis pelas empresas, invistam em medidas de prevenção. Neste sentido, o papel do Médico do Trabalho é essencial, pois ele deve conhecer o ambiente, o posto de trabalho e os riscos existentes para poder orientar o empregador a tentar minimizar os riscos envolvidos.

“Como medidas preventivas o empregador deverá realizar a adequação ergonômica do ambiente de trabalho; treinamentos constantes sobre os fatores de risco; mudança nos procedimentos laborais; ajuste no ritmo de trabalho, redução das jornadas ou das horas extras; treinamentos sobre a utilização corretados equipamentos individuais de proteção; oferecer ginástica laboral para alongamento e aquecimento das regiões mais afetadas ao longo do dia; intercalar diferentes atividades e orientar pausas durante as atividades”, destaca a médica.

Written by Nilton Bleichvel

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